Propostas do PCP sobre salários,
CES das pensões e sobretaxa

Defender rendimentos<br>e a justiça fiscal

O PCP quer ver os salários e pensões integralmente devolvidos em 2016, eliminando os cortes que vigoraram até Dezembro de 2015, e o fim ou redução da sobretaxa de IRS para 95 % dos contribuintes. Propostas nesse sentido foram apresentadas anteontem, 15, na Assembleia da República.

As propostas do PCP respondem a direitos e aspirações dos trabalhadores

Image 19516

Entregues nas comissões parlamentares de Trabalho e Finanças, onde decorre a discussão em torno de diplomas do PS sobre matérias relativas aos salários, à contribuição extraordinária de solidariedade (CES) das pensões e à sobretaxa, as propostas do PCP têm em vista, em primeiro lugar, cumprir «objectivos de justiça social na recuperação de rendimentos e no desagravamento fiscal sobre os trabalhadores e o povo português».

Foi o que afirmou de forma muito clara o líder parlamentar comunista ao início da tarde desta terça-feira numa declaração na AR onde deixou igualmente vincada a ideia de que as propostas avançadas pela sua bancada correspondem a «uma real possibilidade que existe face a medidas de obtenção de receita que é possível considerar». João Oliveira destacou, de entre essas fontes de receita, as contribuições dos sectores bancário e energético, a tributação do património mobiliário acima de um milhão de euros ou o aumento de taxa adicional de solidariedade aplicável aos rendimentos superiores a 80 mil e 250 mil euros líquidos anuais.

Eliminar cortes

Especificando o conteúdo concreto das propostas do PCP, João Oliveira adiantou que no caso dos salários o que se prevê - admitindo não ser possível o pagamento por inteiro a partir de um de Janeiro devido à sujeição imposta pelo regime de duodécimos até à entrada em vigor do documento sobre as Contas do Estado para 2016 – é a «possibilidade de o Governo proceder ao pagamento dos retroactivos a partir do momento em que haja Orçamento do Estado».

Já quanto à sobretaxa, detalhou, o que o PCP propõe é a sua «imediata eliminação» para os contribuintes que se encontrem nos 1º e 2º escalões de rendimento do IRS, ou seja, todos aqueles com um rendimento anual de até 20 mil euros. No que se refere aos outros escalões é proposta a redução para 1,75% da taxa aplicável a quem se encontre no 3º escalão e a sua manutenção em 3,5% para os contribuintes dos dois escalões mais elevados de rendimento.

«O que esta proposta do PCP significa é a imediata eliminação da sobretaxa para 72% dos contribuintes que até agora a suportavam, a redução em metade para 23% dos contribuintes que se encontram no escalão intermédio de rendimento, mantendo-se no mesmo valor apenas para os 5% de contribuintes com maiores rendimentos durante o ano de 2016», esclareceu João Oliveira.

Notícias divulgadas nesse mesmo dia indicam que o Governo estaria inclinado para eliminar a sobretaxa de IRS para os contribuintes com rendimento colectável até 7000 euros, mantendo-se a taxa para os outros quatro escalões de IRS (embora de forma progressiva), e permanecendo inalterada nos 3,5% para os rendimentos superiores a 80 mil euros.

 

Medidas coerentes e exequíveis

João Oliveira não deixou na declaração de enfatizar o forte empenho da bancada comunista em ver aprovadas as suas propostas na discussão em comissão parlamentar. «Vamos fazer tudo para que estas propostas do PCP sejam aprovadas», sublinhou, mostrando-se convicto de que «é possível, no quadro do Orçamento do Estado, discutir matérias relacionadas com a obtenção de receita que não deixe desequilibrada a perspectiva orçamental que estas propostas implicam».

Reservado para «momento posterior» foi, entretanto, o sentido de voto que o PCP assumirá no caso de as suas propostas não virem a ser incorporadas na proposta do Governo do PS.

Em resposta aos jornalistas, João Oliveira considerou ainda que a apresentação de propostas autónomas do PCP em matérias como salários ou pensões «permite desconstruir alguns mitos», remetendo, a este propósito, para a posição conjunta de PS e PCP onde «estão fixados os exactos termos em que há convergência e essa convergência se verifica».

«Relativamente a estas matérias tudo isso estava claro», prosseguiu, lembrando que «havia convergência relativamente aos objectivos, não havia quanto à forma de concretização». Daí João Oliveira ter concluído que, «sem prejuízo dessa circunstância», houve «um trabalho sério de discussão e aprofundamento das possíveis soluções», discussão essa que «vai continuar».

 



Mais artigos de: Assembleia da República

Reverter a privatização da TAP

O PCP reiterou a necessidade de anular e fazer reverter de imediato a privatização da TAP, processo que em sua opinião está irremediavelmente ferido de ilegalidades – e por isso o «contrato de venda não vale» e que é criminoso do ponto de vista do interesse nacional.

PCP reclama aumento para<br>os 600 euros

O PCP entregou na AR um projecto de resolução recomendando ao Governo um aumento do salário mínimo nacional para os 600 euros em Janeiro de 2016. Este fora um compromisso eleitoral por si assumido cuja concretização assume a maior relevância...

PCP quer anular privatização<br>da EGF

Anular o processo de privatização da Empresa Geral de Fomento (EGF), utilizando para o efeito todos os meios política e legalmente admissíveis, tal é o sentido da recomendação que o PCP propõe que o Parlamento faça ao Governo.

Um debate a aprofundar

Estão na comissão parlamentar competente, para onde baixaram no dia 27 de Novembro, sem votação na generalidade, por um período de 90 dias, após apreciação na véspera em plenário, os projectos de lei do PS, BE, PEV e PAN que alargam o acesso à...